Em seu texto, Educação
após Auschwitz (In:
COHN, G. (org.). Theodor Adorno. Coleção
Grandes Cientistas Sociais. São Paulo: Editora Ática, 1986, pp. 33-45), T. W. Adorno está preocupado
com a possibilidade de repetição de Auschwitz e discute o papel da educação
no sentido de formar personalidades que conscientemente se oponham e
resistam à repetição da barbárie.
Sua análise revela
a preocupação com a pouca atenção e falta de consciência sobre a monstruosidade
cometida contra o próprio homem: "A barbárie subsistirá enquanto as
condições que produziram aquela recaída substancialmente perdurarem"
(p.33). Retoma Freud e sua análise sobre o “mal estar na cultura”, para discutir
como a civilização é capaz de produzir a anticivilização e a reforça
progressivamente. Adverte que a estrutura básica da sociedade e suas
características inerentes que possibilitaram a barbárie ainda estão
presentes. Para ele, o campo de concentração e o que lá foi cometido nada
têm de aberrante ou de superficial, mas são a expressão de uma "tendência
extremamente poderosa da sociedade" (p. 34).
Nesse sentido, ele
lembra o assassinato pelos “jovens turcos” de mais de um milhão de armênios,
um verdadeiro genocídio que expressa a ressurreição de um “nacionalismo
agressivo” que tem ocorrido em muitos países desde o final do século XIX; e, da mesma maneira, também considera
a invenção da bomba atômica e o extermínio de milhares de pessoas como genocídio.
Com esses fatos, ele pretende mostrar como a barbárie está inscrita na
marcha da História.
Propõe, então, investigar
os mecanismos que tornam os homens capazes de tais atos – é o que chama de
“volta ao sujeito”, ao aspecto subjetivo, visto que a possibilidade de
alterar as condições sociais e políticas é muito reduzida. Chama a
atenção para os responsáveis pela violência, que nem sempre são percebidos
como tal; e ao se contrapor a essa inconsciência que se manifesta, sugere
que a "educação só teria pleno sentido como educação para a autorreflexão
crítica" (p. 35), pois, com
isso, seria possível impedir o esquecimento e a manifestação da frieza
que domina os indivíduos.
A seu ver, essa educação
deve se concentrar na primeira infância e consistir em um "esclarecimento
geral criando um clima espiritual, cultural e social que não dê margem a
uma repetição; um clima, portanto, em que os motivos que levaram ao horror
se tornem conscientes, na medida do possível" (p. 36). Trata-se, portanto, de pensar a
formação das novas gerações, esclarecendo-as, para que, realmente, se
concretizem as promessas da civilização e se elimine a violência responsável
pela barbárie.
Sugestão
de reflexão
Sugerimos a acesso
ao site do Núcleo de Estudos de Violência da Universidade de São Paulo.
Neste caso indicamos a leitura do livro: Violência nas escolas: um guia para
pais e professores.
Este livro aborda “as diferentes formas que a violência pode assumir no cotidiano
da escola, indo da não resolução de pequenos conflitos que fazem parte das
dinâmicas de relações interpessoais presentes no ambiente até os
casos extremos de violência que interferem na rotina e no aprendizado
escolar. Nesse sentido, são abordados temas como violência institucional,
assédio moral (bullying) e alguns aspectos entre violência e as condições
sociais e infra-estruturais tanto da escola como de seu entorno. Por fim,
são apresentadas e discutidas algumas experiências que podem servir
como alternativas para redução dessa violência”. Para baixar:
http://www.nevusp.org/portugues/index.php?option=com_content&task=view&id=954&Itemid=121