quarta-feira, 16 de maio de 2018

Unidade 7 – Capítulo 22 – Mudança e Revolução


Revolução é a transformação radical das estruturas sociais, políticas e econômicas de uma sociedade. Outros tipos de mudança são as reformas sociais. Para o pensador italiano Umberto Melotti, os reformadores procuram alterar elementos não essenciais e garantir a permanência da situação vigente, enquanto os revolucionários almejam destruir o existente para reconstruir a sociedade em novas bases.

O termo revolução relaciona-se a processos que alteraram substancialmente a vida da humanidade. A Revolução Agrícola transformou radicalmente a forma de produção de alimentos das populações. A Revolução Industrial mudou a forma de produção de bens. A Revolução Industrial começou no setor têxtil.

Hoje, participamos da terceira grande revolução mundial, baseada na informática, na engenharia genética e na nanotecnologia. Nas mudanças de rumo político, destacam-se as revoluções do século XVIII, chamadas burguesas por serem movimentos liderados pela burguesia ascendente, e as que eclodiram no século XX, consideradas populares, pois tiveram participação significativa do povo.

22.1. Revoluções políticas clássicas

São chamadas de revoluções clássicas a Revolução Inglesa, a Revolução Americana e a Revolução Francesa.

Revolução Inglesa (1642-1660)

Propunha limitar o poder do rei e de seus associados, impedindo o controle do comércio e da indústria e a criação de impostos sem autorização do Parlamento. Houve a implantação de muitos direitos que hoje são universais. Contudo, o movimento ocorreu em um único país. Derrubada do rei Carlos I em 1649, ano da proclamação da República inglesa, em charge da época. Embora a monarquia fosse restaurada em 1660, o Parlamento já havia consolidado sua força, dividindo o poder com a coroa.

Revolução Americana (1776)

Movimento de luta contra o domínio colonial inglês. Não havia a intenção de alterar profundamente as relações sociais, nem de transformar a propriedade, tampouco de abolir a escravidão. Foi considerada uma revolução pela grande repercussão, principalmente nos países da América Latina.

Revolução Francesa (1789)

A luta não foi apenas contra o poder monárquico francês, mas contra todos os regimes que oprimiam a maioria da população. A estruturada propriedade rural foi alterada. Os revolucionários lutaram em nome dos seres humanos (não incluindo as mulheres), e não só dos franceses. Isso transformou o movimento em paradigma das revoluções posteriores.

22.2. Experiências revolucionárias no século XX

No século XX, destacaram-se algumas revoluções populares.

Revolução Mexicana (1910-1917)

Três grupos participaram do movimento: camponeses (maioria), trabalhadores urbanos e burguesia urbana e rural. Em 1911, com a derrubada de Porfírio Díaz, que estava havia 20 anos no poder – e tinha apoio dos Estados Unidos, dos grandes industriais e dos latifundiários, nacionais e estrangeiros –, cada uma das três forças revolucionárias prosseguiu separadamente.

No México, apenas 1% da população detinha 97% das terras, o que gerava uma situação de exploração e miséria muito grande. Os camponeses buscavam a redistribuição das terras. A burguesia dissidente exigia regras claras para as eleições e uma democracia do tipo liberal. Os trabalhadores urbanos reivindicavam o direito à liberdade de expressão e reunião, previstos constitucionalmente.

O sucessor de Porfírio Díaz foi derrubado e assassinado em 1913. Victoriano Huerta assumiu o poder, apoiado pelos Estados Unidos, pela burguesia, pelo clero e pelo Exército Federal. Em 1914, camponeses e operários formaram um exército e depuseram Huerta. Venustiano Carranza, governador do estado de Coahuila, tornou-se presidente. Em dezembro de 1914, os camponeses se levantaram contra Carranza, que não trazia nenhuma proposta favorável ao grupo.

Os líderes revolucionários Emiliano Zapata e Pancho Villa marcham para a Cidade do México, em dezembro de 1914. Foram derrotados pelo governo. Carranza derrotou a oposição e convocou uma Constituinte. A nova carta trouxe importantes avanços, principalmente para a classe operária. Mas a reforma agrária não foi realizada e os proprietários de terras mantiveram-se no poder.

Uma revolução comunista na Rússia (1917)

A revolução começou com a derrubada do czar Nicolau II, em fevereiro, e prosseguiu em novembro, com a tomada do poder pelos bolcheviques, liderados por Lênin e Trotsky. O movimento teve como base operários e soldados, organizados em sovietes, conselhos populares que expressavam a proposta de uma sociedade democrática.

Após a ascensão dos bolcheviques e com uma nova estrutura estatal, os sovietes perderam o poder. No início, a república socialista cuidou para que todos os focos de oposição fossem eliminados. O governo enfrentou a oposição de diversos setores, principalmente dos anarquistas, que queriam uma sociedade mais livre da repressão a trabalhadores e soldados, na então capital Petrogrado (atual São Petersburgo). De fevereiro a outubro de 1917, seguidos levantes populares impulsionaram o processo revolucionário na Rússia. Em 1918, o Estado fez um acordo de não agressão com a Alemanha.

Entre 1919 e 1921, houve uma guerra na Rússia. Países europeus que não aceitavam a revolução enviaram tropas para apoiar os “brancos” contra os “vermelhos”. Organizado e liderado por Trotsky, o Exército Vermelho derrotou os contrarrevolucionários e expulsou as tropas invasoras. A situação, que já era terrível por causa da Primeira Guerra Mundial, agravou-se no período de afirmação da revolução.

Na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), fundada em 1922, a propriedade privada foi extinta e procurou-se modificar a estrutura estatal e de serviços. Em 1924, com a morte de Lênin, Stálin assumiu o comando. Desde então, a revolução que nascera com o propósito de transformar o sistema anterior e garantir a liberdade a todos, resolveu parte de seus problemas econômicos à custa da submissão da sociedade a um Estado opressor e autoritário. A URSS deixou de existir em 1991.

Revolução comunista na China

Em um longo processo de luta, o Partido Comunista Chinês (PCC), fundado em 1921, mobilizou os camponeses (a maioria da população) para lutar contra os invasores japoneses e os exércitos de Chiang Kai-shek, anticomunista apoiado pelas potências vencedoras da Primeira Guerra Mundial. A luta durou até 1949, quando os comunistas, comandados por Mao Tse-tung, tomaram Pequim.

Para organizar o Estado, Mao recebeu ajuda da URSS, mas essa aliança foi rompida no início da década de 1960, quando os chineses quiseram ter seu arsenal nuclear – o que os soviéticos não admitiam. A primeira explosão atômica chinesa ocorreu em 1964. A partir da década de 1970, a China foi se tornando, de forma gradual, uma das maiores potências do mundo.

Ao entrar no século XXI, a China caracterizava-se como um Estado centralizador e autoritário, ainda sob o controle do Partido Comunista, mas com produção industrial capitalista. Numerosas empresas ocidentais atuam no território chinês, que apresenta muita exploração da força de trabalho, problemas sérios de desigualdade social e outros tantos ambientais.

Revolução socialista em Cuba

O processo revolucionário iniciou-se em 1953, quando Fidel Castro liderou uma tentativa de tomada do quartel de Moncada e terminou preso. Ao deixar a prisão, o líder foi para o México, de onde retornaria em 1956, com um grupo de correligionários, iniciando uma série de guerrilhas contra a ditadura de Fulgencio Batista, que governava o país havia 20 anos. Em 1º de janeiro de 1959, os revolucionários chegaram ao poder em Cuba.

O governo castrista tomou uma série de medidas contrárias aos interesses dos Estados Unidos, que impuseram dificuldades ao comércio. Isso aproximou Cuba da URSS. Cubanos comemoram a vitória da revolução nas ruas da ilha de Havana, em janeiro de 1959. Quando os Estados Unidos romperam relações diplomáticas com Cuba e apoiaram uma tentativa frustrada de invasão da ilha por um grupo de exilados cubanos, em 1961, Fidel Castro declarou Cuba república socialista.

Com o apoio da URSS, Cuba pôde desenvolver um sistema educacional e de saúde semelhante aos melhores do mundo, além de proporcionar invejável qualidade de vida à população. Entretanto, com o fim da URSS, as condições de vida em Cuba se tornaram precárias. Até hoje o sistema político é centralizado no Partido Comunista Cubano e na figura emblemática de Fidel Castro, substituído no poder por seu irmão, Raul Castro, em 2008.

Um breve balanço

Cada revolução significa uma experiência de emancipação possível no processo da autonomia desejada. Os movimentos vistos aqui são de sociedades que alteraram sua estrutura e seu modo de vida, mas avançaram pouco no processo de liberdade e emancipação. Por isso, não são mais parâmetros para as mudanças que ocorrem atualmente.

O que nos espera?

Na sociedade atual, ocorre o desenvolvimento máximo das transformações iniciadas pela Revolução Industrial, sem modificação das estruturas de poder e economia. Estão germinando, contudo, novas formas de mudança, que não estão necessariamente ligadas à ideia de transformação geral e ampla. Hoje, buscam-se mudanças específicas por meio da emancipação dos poderes existentes e da criação de alternativas coletivas concretas.

Como explicar e entender a “liberdade de escolha” no mundo em que vivemos?

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