Os movimentos sociais não são
predeterminados; dependem sempre das condições específicas em que se
desenvolvem, ou seja, das forças sociais e políticas que os apoiam ou os
confrontam, dos recursos existentes para manter sua ação e dos instrumentos
utilizados para que obtenham repercussão.
Os movimentos sociais são ações
coletivas com o objetivo de manter ou mudar uma situação. Podem ser locais, regionais,
nacionais ou internacionais. Podem ainda ser organizados ou conjunturais.
·
Movimentos sociais organizados - greves
trabalhistas, movimentos por melhores condições de vida na cidade e no campo,
movimentos étnicos, feminista, ambiental, estudantil, etc.
·
Movimentos conjunturais - duram alguns
dias e desaparecem para, depois, surgir em outro momento, com novas formas de
expressão. Exemplo: movimento dos caras-pintadas pelo impeachment do então
presidente Fernando Collor de Mello, em 1992.
15.1. Confrontos e parcerias
Os movimentos sociais são sempre de
confronto político. Na maioria dos casos, têm uma relação com o Estado, seja de
oposição, seja de parceria, de acordo com seus interesses e necessidades.
Existem também movimentos cujo objetivo
é desenvolver ações que favoreçam a mudança da sociedade com base no princípio
fundamental do reconhecimento do outro, do diferente. Por meio desses
movimentos, procuram-se disseminar visões de mundo, ideias e valores que
proporcionem a diminuição dos preconceitos e das discriminações.
Em seu livro Luta por reconhecimento, o
sociólogo alemão Axel Honneth declara que “uma luta só pode ser caracterizada
de social na medida em que seus objetivos se deixam generalizar para além dos
horizontes das intenções individuais, chegando a um ponto em que eles podem se
tornar a base de um movimento coletivo”.
15.2. A greve como elemento central
Para Émile Durkheim: todo conflito é
resultado da inexistência de regras e normas que regulem as atividades
produtivas e a organização das várias categorias profissionais; a questão
social é também moral, pois envolve ideias e valores divergentes dos da
consciência coletiva; uma sociedade dividida não pode ser normal.
Para Karl Marx: a greve é a expressão
mais visível da luta de classes entre a burguesia e o proletariado; o
trabalhador representa a força de trabalho e o empresário representa o capital;
cabe ao Estado regular a relação entre trabalho e capital. O Estado também age
com a força policial para reprimir os trabalhadores em nome da normalidade e da
paz social.
Na perspectiva de Marx, em uma greve
questionam-se não só as condições de exploração em que vivem os trabalhadores,
mas também a ação do Estado. Na fotografia de 2004, servidores públicos em
greve defrontam a tropa de choque durante manifestação em Recife, Pernambuco.
A industrialização e as greves
As greves trabalhistas existem desde o
início do processo de industrialização. Os trabalhadores sempre lutaram por
melhores salários. Aos poucos, passaram a visar à conquista ou efetivação de
direitos, principalmente os sociais. Também houve a preocupação de discutir
questões mais gerais, como as políticas econômicas que geram o desemprego.
15.3. Os movimentos sociais contemporâneos
Movimento ambiental
Esse movimento é típico da sociedade
industrial, pois a industrialização predatória afeta o meio ambiente e coloca
em risco os seres vivos. O movimento ambiental teve início no século XIX,
quando foram percebidos os primeiros sinais de distúrbios ambientais.
Desenvolveu-se lentamente até a década de 1970. Desde então, cresce com
rapidez.
Há questões ambientais que só podem ser
tratadas globalmente, e problemas regionais, nacionais e locais que devem ser
tratados no local em que surgem. As ações ambientalistas conquistaram
gradativamente um espaço importante nos meios de comunicação de massa, gerando
pressão social por mudanças. O Estado foi obrigado a controlar e fiscalizar os processos
industriais e o desmatamento e promover a proteção ambiental. As empresas
antigas fizeram mudanças em seu processo produtivo, tornando-o menos poluidor,
e as novas empresas foram obrigadas a apresentar projetos de impacto ambiental.
Movimento feminista
A discussão moderna sobre a posição da
mulher nas diferentes sociedades vem sendo travada desde o século XVIII. Em
1791, Olympe de Gouges encaminhou à Assembleia Nacional da França uma Declaração
dos Direitos da Mulher e da Cidadã. Em 1792, a inglesa Mary Wollstonecraft publicou
o ensaio “Em defesa dos direitos da mulher”.
No século XIX, Jeanne Deroin e Flora
Tristán destacaram- se como líderes operárias na França. A luta das mulheres
adquiriu nova configuração com a organização de movimentos e campanhas pelo
direito de votar. Mas a conquista desse direito só ocorreu em 1920, nos Estados
Unidos, e em 1928, na Inglaterra.
Na década de 1960, importantes estudos
sobre a condição feminina foram publicados. Entre eles os de Betty Friedan,
Kate Millet e Juliet Mitchell. Desenvolveu-se um movimento de reivindicação de
direitos políticos, civis e sociais, além do questionamento sobre as raízes
culturais da desigualdade de gênero.
Nas décadas seguintes ocorreu uma
grande diversificação das lutas e dos movimentos das mulheres.
Reivindicavam-se, entre outros direitos, a igualdade de condições e de salários
no trabalho, o direito à liberdade de escolha no que se refere à reprodução, à
contracepção e ao aborto, o reconhecimento da especificidade da visão feminina
do mundo em todas as áreas do conhecimento e o reconhecimento de outras
manifestações da sexualidade, como a bissexualidade e o lesbianismo.