quarta-feira, 16 de maio de 2018

Unidade 5 – Capítulo 15 – Os movimentos sociais


Os movimentos sociais não são predeterminados; dependem sempre das condições específicas em que se desenvolvem, ou seja, das forças sociais e políticas que os apoiam ou os confrontam, dos recursos existentes para manter sua ação e dos instrumentos utilizados para que obtenham repercussão.

Os movimentos sociais são ações coletivas com o objetivo de manter ou mudar uma situação. Podem ser locais, regionais, nacionais ou internacionais. Podem ainda ser organizados ou conjunturais.

·         Movimentos sociais organizados - greves trabalhistas, movimentos por melhores condições de vida na cidade e no campo, movimentos étnicos, feminista, ambiental, estudantil, etc.

·         Movimentos conjunturais - duram alguns dias e desaparecem para, depois, surgir em outro momento, com novas formas de expressão. Exemplo: movimento dos caras-pintadas pelo impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello, em 1992.

15.1. Confrontos e parcerias

Os movimentos sociais são sempre de confronto político. Na maioria dos casos, têm uma relação com o Estado, seja de oposição, seja de parceria, de acordo com seus interesses e necessidades.

Existem também movimentos cujo objetivo é desenvolver ações que favoreçam a mudança da sociedade com base no princípio fundamental do reconhecimento do outro, do diferente. Por meio desses movimentos, procuram-se disseminar visões de mundo, ideias e valores que proporcionem a diminuição dos preconceitos e das discriminações.

Em seu livro Luta por reconhecimento, o sociólogo alemão Axel Honneth declara que “uma luta só pode ser caracterizada de social na medida em que seus objetivos se deixam generalizar para além dos horizontes das intenções individuais, chegando a um ponto em que eles podem se tornar a base de um movimento coletivo”.

15.2. A greve como elemento central

Para Émile Durkheim: todo conflito é resultado da inexistência de regras e normas que regulem as atividades produtivas e a organização das várias categorias profissionais; a questão social é também moral, pois envolve ideias e valores divergentes dos da consciência coletiva; uma sociedade dividida não pode ser normal.

Para Karl Marx: a greve é a expressão mais visível da luta de classes entre a burguesia e o proletariado; o trabalhador representa a força de trabalho e o empresário representa o capital; cabe ao Estado regular a relação entre trabalho e capital. O Estado também age com a força policial para reprimir os trabalhadores em nome da normalidade e da paz social.

Na perspectiva de Marx, em uma greve questionam-se não só as condições de exploração em que vivem os trabalhadores, mas também a ação do Estado. Na fotografia de 2004, servidores públicos em greve defrontam a tropa de choque durante manifestação em Recife, Pernambuco.

A industrialização e as greves

As greves trabalhistas existem desde o início do processo de industrialização. Os trabalhadores sempre lutaram por melhores salários. Aos poucos, passaram a visar à conquista ou efetivação de direitos, principalmente os sociais. Também houve a preocupação de discutir questões mais gerais, como as políticas econômicas que geram o desemprego.

15.3. Os movimentos sociais contemporâneos

Movimento ambiental

Esse movimento é típico da sociedade industrial, pois a industrialização predatória afeta o meio ambiente e coloca em risco os seres vivos. O movimento ambiental teve início no século XIX, quando foram percebidos os primeiros sinais de distúrbios ambientais. Desenvolveu-se lentamente até a década de 1970. Desde então, cresce com rapidez.

Há questões ambientais que só podem ser tratadas globalmente, e problemas regionais, nacionais e locais que devem ser tratados no local em que surgem. As ações ambientalistas conquistaram gradativamente um espaço importante nos meios de comunicação de massa, gerando pressão social por mudanças. O Estado foi obrigado a controlar e fiscalizar os processos industriais e o desmatamento e promover a proteção ambiental. As empresas antigas fizeram mudanças em seu processo produtivo, tornando-o menos poluidor, e as novas empresas foram obrigadas a apresentar projetos de impacto ambiental.

Movimento feminista

A discussão moderna sobre a posição da mulher nas diferentes sociedades vem sendo travada desde o século XVIII. Em 1791, Olympe de Gouges encaminhou à Assembleia Nacional da França uma Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã. Em 1792, a inglesa Mary Wollstonecraft publicou o ensaio “Em defesa dos direitos da mulher”.

No século XIX, Jeanne Deroin e Flora Tristán destacaram- se como líderes operárias na França. A luta das mulheres adquiriu nova configuração com a organização de movimentos e campanhas pelo direito de votar. Mas a conquista desse direito só ocorreu em 1920, nos Estados Unidos, e em 1928, na Inglaterra.

Na década de 1960, importantes estudos sobre a condição feminina foram publicados. Entre eles os de Betty Friedan, Kate Millet e Juliet Mitchell. Desenvolveu-se um movimento de reivindicação de direitos políticos, civis e sociais, além do questionamento sobre as raízes culturais da desigualdade de gênero.

Nas décadas seguintes ocorreu uma grande diversificação das lutas e dos movimentos das mulheres. Reivindicavam-se, entre outros direitos, a igualdade de condições e de salários no trabalho, o direito à liberdade de escolha no que se refere à reprodução, à contracepção e ao aborto, o reconhecimento da especificidade da visão feminina do mundo em todas as áreas do conhecimento e o reconhecimento de outras manifestações da sexualidade, como a bissexualidade e o lesbianismo.


Como explicar e entender a “liberdade de escolha” no mundo em que vivemos?

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