quarta-feira, 16 de maio de 2018

Unidade 3 - Capitulo 09 – As desigualdades sociais no Brasil



As desigualdades sociais instalaram-se no Brasil com a chegada dos portugueses. Os povos indígenas tiveram suas terras invadidas pelos europeus e muitos foram vítimas de massacre e escravização. Posteriormente, milhares de africanos foram retirados de sua terra de origem e trazidos escravizados. Esse passado escravista ainda está inscrito nas desigualdades que marcam nossa sociedade.

Relações de trabalho como o colonato e a parceria foram experimentadas no Brasil na segunda metade do século XIX, em razão da iminente extinção do escravismo. Incentivou-se na época a imigração europeia, sobretudo para fornecer mão de obra às lavouras de café.

Os imigrantes encontraram nas fazendas condições semisservis de trabalho. Em muitos casos, a família inteira trabalhava e só recebia casa, comida e pagamento em espécie.

Houve também imigrantes que se fixaram nas cidades e se empregaram no setor industrial nascente. Esse setor cresceu no decorrer do século XX, mas foi a partir da década de 1950 que o processo de industrialização intensificou-se no país. Criou-se assim um proletariado industrial. Desde então registrou-se um acentuado processo de urbanização e um progressivo esvaziamento da zona rural.

A força de trabalho disponível não foi absorvida em sua totalidade pela indústria ou por outras atividades urbanas. Disso resultou a grande massa de desempregados e de semidesempregados, que vivia e vive à margem do sistema produtivo.

As desigualdades geradas no processo de desenvolvimento do capitalismo no Brasil se expressam no desemprego, na pobreza, na fome e também nas diferenças entre homens e mulheres, brancos e negros, por exemplo.

O crescimento da produção agrícola e industrial e do setor de comércio e serviços demonstra que a sociedade produz bens, serviços e riquezas, mas que sua distribuição é desigual entre os brasileiros.

A questão da pobreza vem sendo abordada por estudiosos no Brasil desde o final do século XIX. Naquela época, responsabilizava-se o pobre por sua condição: ele seria preguiçoso e indolente, pois contava com a generosidade da natureza para obter o necessário para sobreviver.

A essa explicação de base determinista somava-se outra que envolvia a questão racial: a mestiçagem geraria indivíduos sem a energia física ou o vigor intelectual de seus ascendentes “puros”.

Vozes discordantes eram as de Joaquim Nabuco e Manoel Bonfim. O primeiro responsabilizava os latifundiários por manter os mestiços na miséria e na ignorância; o segundo valorizava o mestiço pela força, cordialidade e capacidade de atuar coletivamente.

As visões de base determinista e racista predominaram até a década de 1930, quando a questão das desigualdades sociais começou a ser vista sob novo olhar.

O estudioso Josué de Castro analisou a desnutrição e a fome com base no processo de subdesenvolvimento, que gerava desigualdades entre os povos alvo de exploração colonial. Defendia a educação e a reforma agrária como elementos essenciais para resolver o problema da fome no Brasil.

O jurista Victor Nunes Leal, por sua vez, apresentava o “coronel” faz grandes propriedades rurais como a base de sustentação de uma estrutura agrária que mantinha os trabalhadores em uma situação de penúria, de abandono e de ausência de educação.

A relação entre as desigualdades e as questões raciais voltou a ser analisada nas décadas de 1950 e 1960, quando alguns estudiosos procuraram desmontar o mito da democracia racial brasileira, colocando o tema da raça no contexto das classes sociais. Nessa análise, destacava-se os ex-escravos foram integrados à sociedade de forma precária, o que gerou uma desigualdade constitutiva da situação de seus descendentes até hoje.

A partir da década de 1960, outras temáticas que envolviam as desigualdades sociais foram abordadas, com ênfase na análise das classes sociais. Buscava-se, então, explicar como as classes sociais se constituíram no Brasil e de que maneira participavam do processo de mudanças econômicas, sociais e políticas.

Nas décadas de 1970 e 1980, privilegiou-se a análise das novas formas de participação, principalmente dos novos movimentos sociais e do novo sindicalismo. Buscava-se entender como os trabalhadores e deserdados no Brasil organizavam-se para fazer valer seus direitos de cidadãos.

No mesmo período e entrando na década de 1990, a análise focou as questões relacionadas ao emprego e às condições de vida dos trabalhadores e pobres das cidades. A temática das raças e das classes sociais continuou presente. A questão de gênero ganhou espaço, destacando-se a situação desigual das mulheres em relação aos homens.

Na década de 1990, organismos nacionais e internacionais criaram índices para mensurar a desigualdade e a pobreza, com o objetivo de orientar políticas públicas e investimentos. Hoje dispomos, por exemplo, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), desenvolvida pelo IBGE, e do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), publicado pela ONU.

A questão racial-étnica segue presente nas análises de índices demonstrativos e em nosso cotidiano. Ela se expressa por meio do preconceito e apresenta evidências empíricas: os negros e pardos, por exemplo, recebem salários menores e têm pouco acesso a condições razoáveis de habitação, saúde, trabalho e cultura.

Como explicar e entender a “liberdade de escolha” no mundo em que vivemos?

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