quarta-feira, 16 de maio de 2018

Unidade 3 - Capitulo 08 – A sociedade capitalista e as classes sociais


O termo classe costuma ser empregado de muitas maneiras. Sociologicamente é utilizado na explicação da estrutura da sociedade capitalista, que tem uma configuração histórico-estrutural particular. As classes sociais expressam a forma como as desigualdades se estruturam na sociedade capitalista.

Há duas grandes maneiras de pensar a questão das classes: considerar a posição dos indivíduos e grupos no processo de produção, ou considerar a capacidade de consumo como critério de classificação.

No primeiro caso, pode-se ter a divisão em classes: proprietários de terras, burgueses (burguesia industrial ou financeira), pequeno-burgueses, trabalhadores ou operários.

Se for considerada a capacidade de consumo dos grupos sociais, tem-se: classes alta, média e baixa, ou variações, como A, B, C, D e E.

As desigualdades que caracterizam as sociedades modernas se expressam nos planos econômicos, político e cultural. Há desigualdades:

·         Na apropriação da riqueza gerada pela sociedade;
·         Na participação nas decisões políticas;
·         Na apropriação dos bens simbólicos.

A mobilidade social nas sociedades capitalistas é maior do que nas divididas em castas ou estamentos, mas não é ampla. Embora vigore a ideia de que todos têm oportunidades iguais e podem prosperar por meio do trabalho, há barreiras à ascensão social, não escritas e não declaradas abertamente.

Muitos autores escreveram sobre as desigualdades na sociedade capitalista, entre eles Karl Marx e Max Weber, que apresentam diferentes abordagens.

Marx colocou a questão das classes no centro de sua análise sobre a sociedade capitalista. Nessa perspectiva, as relações entre o capital e o trabalho assalariado são dominantes e a propriedade privada é o fundamento e o bem maior a ser preservado. Há, assim, duas classes fundamentais: a burguesia, que personifica o capital, e o proletariado, que vive do trabalho assalariado.

A dinâmica das sociedades capitalistas não se restringe, porém, à contraposição entre burguesia e proletariado. O processo de constituição das classes e a forma como elas se estruturam determinaram o aparecimento de frações, bem como de classes intermediárias ou médias, que ora apoiam a burguesia, ora se juntam com o proletariado, podendo desenvolver lutar particulares em determinados momentos.

A parcela da população que se encontra entre os grandes proprietários e os operários é composta de pequenos proprietários e pequenos comerciantes, profissionais liberais e outros.

Não há uma classificação a priori das classes. É necessário analisar cada sociedade historicamente e perceber como as classes se constituíram no processo de produção da vida social.

Para o pensamento marxista, o antagonismo entre a burguesia e o proletariado é a base da transformação social.

A luta de classes desenvolve:

* De um lado, os procedimentos utilizados pela classe dominante para manter o status quo;

* De outro, os procedimentos utilizados pelos trabalhadores para modificar o status quo.

A luta de classes se desenvolve no modo de organizar o processo de trabalho e distribuir diferentemente a riqueza gerada pela sociedade, nas ações dos trabalhadores orientadas para diminuir a exploração e a dominação e na formação de movimentos políticos para muda a sociedade.

Essa exploração se dá de modo marcante pela mais-valia, que é a diferença entre o que o trabalhador produz e o valor do salário que ele recebe. A reaplicação de parte e a acumulação do restante da mais-valia (trabalho não pago) provoca o acúmulo de capital em benefício do capitalista.

Max Weber, por sua vez, analisa a estratificação social a partir da distinção entre as dimensões:

Econômica – quantidade de riqueza que as pessoas possuem;
Socialstatus ou prestígio que têm as pessoas ou os grupos;
Política – quantidade de poder que pessoas ou grupos detêm nas relações de dominação.

Um indivíduo que recebe uma fortuna inesperada não conquistará necessariamente prestígio ou poder.

Outros podem ter poder e não ter riqueza, como pessoas ou grupos que se instalam e ficam nas estruturas de poder estatal.

Algumas pessoas podem ter certo status e prestígio, mas não ter riqueza e poder, como artistas e intelectuais consagrados.

Para Weber, classe é todo grupo humano que se encontra em igual situação, isto é, seus membros têm as mesmas oportunidades de acesso a bens, à posição social e a um destino comum.

Ele afirma que a luta de classes também pode ocorrer no interior de uma mesma classe social. Não a considera o motor da história, mas uma das manifestações para a manutenção de poder, renda ou prestígio em uma situação histórica específica.

Na visão de alguns sociólogos estadunidenses, como Kingsley Davis e Wilbert Moore, as desigualdades não são, necessariamente, negativas.

A sociedade capitalista oferece oportunidades não são, necessariamente, negativas. A sociedade capitalista oferece oportunidades de ascensão e, na busca do interesse pessoal, há sempre inovação e criação de novas alternativas. Assim, a sociedade se beneficia das realizações dos indivíduos.

Em resumo: o capitalismo só é dinâmico porque é desigual, e as políticas que propõem a igualdade de condições levam os indivíduos a não lutar por melhores posições.

Sob outro enfoque, que destaca a falta de oportunidades na sociedade capitalista, criou-se a expressão “exclusão social”.

O sociólogo brasileiro José de Souza Martins afirma que a “exclusão social” pode ser entendida com base na:

* Orientação transformadora, presente nos discursos político e acadêmico para caracterizar a situação dos explorados na sociedade. Entretanto, isso é questionável, pois, ainda que viva em condições precárias, o trabalhador está incluído no sistema;

* Orientação conservadora, presente no discurso de quem está incluído. Expressa-se na ideia de que há alternativa melhor do que inserir os excluídos na sociedade. Essa orientação caracteriza-se pelo conformismo: não questiona a sociedade atual nem a forma degradada e precária de buscar a inserção dos excluídos.

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