O termo classe costuma ser empregado de muitas maneiras. Sociologicamente é
utilizado na explicação da estrutura da sociedade capitalista, que tem uma
configuração histórico-estrutural particular. As classes sociais expressam a
forma como as desigualdades se estruturam na sociedade capitalista.
Há duas grandes maneiras de pensar a
questão das classes: considerar a posição dos indivíduos e grupos no processo de produção, ou considerar a capacidade de consumo como critério de
classificação.
No primeiro caso, pode-se ter a divisão
em classes: proprietários de terras, burgueses (burguesia industrial ou
financeira), pequeno-burgueses, trabalhadores ou operários.
Se for considerada a capacidade de
consumo dos grupos sociais, tem-se: classes alta, média e baixa, ou variações,
como A, B, C, D e E.
As desigualdades que caracterizam as
sociedades modernas se expressam nos planos econômicos, político e cultural. Há
desigualdades:
·
Na apropriação da riqueza gerada pela
sociedade;
·
Na participação nas decisões políticas;
·
Na apropriação dos bens simbólicos.
A mobilidade social nas sociedades capitalistas
é maior do que nas divididas em castas ou estamentos, mas não é ampla. Embora
vigore a ideia de que todos têm oportunidades iguais e podem prosperar por meio
do trabalho, há barreiras à ascensão social, não escritas e não declaradas
abertamente.
Muitos autores escreveram sobre as
desigualdades na sociedade capitalista, entre eles Karl Marx e Max Weber, que
apresentam diferentes abordagens.
Marx colocou a questão das classes no
centro de sua análise sobre a sociedade capitalista. Nessa perspectiva, as
relações entre o capital e o trabalho assalariado são dominantes e a
propriedade privada é o fundamento e o bem maior a ser preservado. Há, assim,
duas classes fundamentais: a burguesia, que personifica o capital, e o
proletariado, que vive do trabalho assalariado.
A dinâmica das sociedades capitalistas
não se restringe, porém, à contraposição entre burguesia e proletariado. O
processo de constituição das classes e a forma como elas se estruturam
determinaram o aparecimento de frações, bem como de classes intermediárias ou
médias, que ora apoiam a burguesia, ora se juntam com o proletariado, podendo
desenvolver lutar particulares em determinados momentos.
A parcela da população que se encontra
entre os grandes proprietários e os operários é composta de pequenos
proprietários e pequenos comerciantes, profissionais liberais e outros.
Não há uma classificação a priori das classes. É necessário
analisar cada sociedade historicamente e perceber como as classes se
constituíram no processo de produção da vida social.
Para o pensamento marxista, o
antagonismo entre a burguesia e o proletariado é a base da transformação
social.
A luta
de classes desenvolve:
* De um lado, os procedimentos utilizados
pela classe dominante para manter o status
quo;
* De outro, os procedimentos utilizados
pelos trabalhadores para modificar o status
quo.
A luta de classes se desenvolve no modo
de organizar o processo de trabalho e distribuir diferentemente a riqueza
gerada pela sociedade, nas ações dos trabalhadores orientadas para diminuir a
exploração e a dominação e na formação de movimentos políticos para muda a
sociedade.
Essa exploração se dá de modo marcante
pela mais-valia, que é a diferença entre o que o trabalhador produz e o valor
do salário que ele recebe. A reaplicação de parte e a acumulação do restante da
mais-valia (trabalho não pago) provoca o acúmulo de capital em benefício do
capitalista.
Max Weber, por sua vez, analisa a
estratificação social a partir da distinção entre as dimensões:
Econômica
– quantidade de riqueza que as pessoas possuem;
Social
– status ou prestígio que têm as
pessoas ou os grupos;
Política
– quantidade de poder que pessoas ou grupos detêm nas relações de dominação.
Um indivíduo que recebe uma fortuna
inesperada não conquistará necessariamente prestígio ou poder.
Outros podem ter poder e não ter
riqueza, como pessoas ou grupos que se instalam e ficam nas estruturas de poder
estatal.
Algumas pessoas podem ter certo status e prestígio, mas não ter riqueza
e poder, como artistas e intelectuais consagrados.
Para Weber, classe é todo grupo humano
que se encontra em igual situação, isto é, seus membros têm as mesmas
oportunidades de acesso a bens, à posição social e a um destino comum.
Ele afirma que a luta de classes também
pode ocorrer no interior de uma mesma classe social. Não a considera o motor da
história, mas uma das manifestações para a manutenção de poder, renda ou
prestígio em uma situação histórica específica.
Na visão de alguns sociólogos
estadunidenses, como Kingsley Davis e Wilbert Moore, as desigualdades não são, necessariamente,
negativas.
A sociedade capitalista oferece
oportunidades não são, necessariamente, negativas. A sociedade capitalista
oferece oportunidades de ascensão e, na busca do interesse pessoal, há sempre
inovação e criação de novas alternativas. Assim, a sociedade se beneficia das
realizações dos indivíduos.
Em resumo: o capitalismo só é dinâmico
porque é desigual, e as políticas que propõem a igualdade de condições levam os
indivíduos a não lutar por melhores posições.
Sob outro enfoque, que destaca a falta
de oportunidades na sociedade capitalista, criou-se a expressão “exclusão
social”.
O sociólogo brasileiro José de Souza
Martins afirma que a “exclusão social” pode ser entendida com base na:
* Orientação transformadora, presente nos
discursos político e acadêmico para caracterizar a situação dos explorados na
sociedade. Entretanto, isso é questionável, pois, ainda que viva em condições
precárias, o trabalhador está incluído no sistema;
* Orientação conservadora, presente no
discurso de quem está incluído. Expressa-se na ideia de que há alternativa
melhor do que inserir os excluídos na sociedade. Essa orientação caracteriza-se
pelo conformismo: não questiona a sociedade atual nem a forma degradada e
precária de buscar a inserção dos excluídos.