Karl Marx nasceu em 05 de maio de 1818, portanto, há 200 anos.
A Socióloga Cristina Consta sintetizou a importância da contribuição de Marx no texto abaixo. Confira:
O pensamento de Karl Marx, expresso pela teoria do materialismo histórico, originando a corrente de pensamento mais revolucionária tanto do ponto de vista teórico como da prática social. É também um dos pensadores mais difíceis de se compreender, explicar ou sintetizar.
Com o objetivo de entender o sistema capitalista e modificá-lo, Marx escreveu sobre filosofia, economia e sociologia. Ele produziu muito, suas idéias se desdobraram em várias vertentes e foram incorporados por diferentes estudiosos. Sua intenção, porém, não era apenas contribuir para o desenvolvimento da ciência, mas propor uma ampla transformação política, econômica e social. Marx não escreveu particularmente para os acadêmicos e cientistas, mas para todos os homens que quisessem assumir sua vocação revolucionária. Sua obra máxima, "O Capital", destinava-se a todos, não apenas aos estudiosos da economia, da política e da sociedade. Este é um aspecto singular da teoria marxista. Há um alcance mais amplo nas suas formulações, que adquiriram dimensões de ideal revolucionário e ação política efetiva.
A teoria marxista repercutiu de maneira decisiva não só na Europa - objeto primeiro de seus estudos - como nas colônias europeias e em movimentos de independência. Incentivou os operários a organizar partidos marxistas - e os sindicatos revolucionários -, levou intelectuais à crítica da realidade e influenciou as atividades intelectuais de modo geral e as ciências humanas em particular.
Por outro lado, cada sociedade representava para Marx uma totalidade, isto é, um conjunto único e integrado das diversas formas de organização humana nas suas diversas instâncias - família, poder, religião. Entretanto, apesar de considerar as sociedades da sua época e do passado como totalidades e como situações históricas concretas, Marx conseguiu, pela profundidade de suas análises, extrair conclusões de caráter geral e aplicáveis a formas sociais diferentes.
O sucesso e a penetração do materialismo histórico, quer no campo da ciência - ciências política, econômica e social -, quer no campo da organização política, deve-se ao universalismo de seus princípios e ao caráter totalizador que Marx imprimiu às suas idéias. Deve-se também ao caráter militante das ideias propostas, voltadas para a ação prática e para a práxis revolucionária.
Com o marxismo, a questão da objetividade científica foi posta em um novo patamar. Para Marx, a questão da objetividade só se coloca como consciência crítica. A ciência, assim como a ação política, só pode ser verdadeira e não-ideológica se refletir uma situação de classe e, consequentemente, uma visão crítica da realidade. Nessa perspectiva, objetividade não é uma questão de método, mas de como o pensamento científico se insere no contexto das relações de produção e na história.
A ideia de uma sociedade "doente" ou "normal", preocupação dos cientistas sociais positivistas, desaparece em Marx. Para ele, a sociedade é constituída de relações de conflito e é de sua dinâmica que surge a mudança social. Fenômenos como luta, contradição, revolução e exploração são constituintes dos diversos momentos históricos e não disfunções sociais.
Não é preciso afirmar a contribuição da teoria marxista para o desenvolvimento das ciências sociais. A abordagem do conflito, da dinâmica social, da relação entre consciência e realidade e da correta inserção do homem e de sua práxis no contexto social foram conquistas jamais abandonadas pelos sociólogos. Isso sem contar a habilidade com que o método marxista possibilita o constante deslocamento do geral para o particular, das leis macrossociais para suas manifestações históricas, do movimento estrutural da sociedade para a ação humana individual e coletiva.
A teoria marxista teve ampla aceitação teórica e metodológica, assim como política e revolucionária. Em 1917, uma revolução inspirada nas idéias marxistas, a Revolução Bolchevique, na Rússia, criava no mundo o primeiro Estado operário. Essa revolução impulsionou a teoria marxista em todo o mundo. Na sociologia chegou mesmo a dominar várias gerações de sociólogos.
O fim da União Soviética, 72 anos após o seu surgimento, não significou o fim da história ou da sociologia, nem o esgotamento do marxismo como postura teórica das mais amplas e fecundas, com um poder de explicação não alcançado pelas análises posteriores. O que se torna necessário é rever essa sociedade cujas relações de produção se organizam sob novos princípios - enfraquecimento dos estados nacionais, mundialização do capitalismo, formação de blocos supranacionais e organização política de minorias étnicas, religiosas e até sexuais - , entendendo que as contradições não desapareceram e se expressam em novas instâncias.
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Cristina Costa
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