A garantia de melhores
condições de vida para a população tornou-se uma bandeira dos revolucionários
franceses no final do século XVIII, quando as tensões sociais geradas em
séculos de Absolutismo, acirradas nos reinados de Luís XIV e Luís XV,
irromperam de forma violenta contra o Estado.
Com o advento da
Revolução Industrial e a formação da classe operária nos centros urbanos, a
luta pela regulamentação das condições de trabalho teve início no século XIX e se perpetuou durante todo o século XX. Nesse período, é
importante destacar dois movimentos-chave para o entendimento da ampliação dos direitos
de cidadania: a Primeira Revolução Industrial e a organização da classe
operária na luta pelo direito de fazer greve, de se reunir em sindicatos e de
regulamentar a jornada de trabalho (direitos sociais).
Ao analisar a
figura do “Trabalho infantil nas fábricas no início do século XIX” é importante
mencionar que nela são retratadas crianças operárias em fábricas (nesse caso,
uma tecelagem, como é possível obser-var pelos rolos de fios), constatando o
momento da Revolução Industrial. A partir dessa análise é possível analisar as
condições de trabalho dos operários europeus no início do século XIX.

Para
completar a análise da situação dos trabalhadores na Inglaterra no início do
século XIX, vejamos o texto escrito por Friedrich Engels sobre a situação
da classe operária na Inglaterra.
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Trabalho infantil nas fábricas inglesas no início do século XIX. |
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Os comedores de batatas [The potato eaters], de Vincent van Gogh. 1885, óleo sobre tela, 82 x 114 cm. Museu Van Gogh, Amsterdã. |
A Condição da Classe Trabalhadora na Inglaterra
A alimentação habitual do trabalhador individual varia, naturalmente, de acordo com o seu salário. Os trabalhadores melhor pagos, especialmente aqueles em cujas famílias cada membro é capaz de ganhar alguma coisa, têm boa alimentação, pelo menos enquanto essa situação durar: há carne diariamente e toicinho e queijo à noite. Quando a renda é menor, comem carne apenas duas ou três vezes na semana e a proporção de pão e batata aumenta. Descendo gradualmente, nós encontramos o alimento animal reduzido a um pequeno pedaço de toicinho cortado com batatas. Mais baixo ainda, até mesmo isso desaparece e permanece apenas pão, queijo, mingau de aveia e batata; até o último grau, entre os irlandeses, onde a batata é a única forma de alimento. [...] Mas, tudo isso pressupõe que o trabalhador tenha trabalho. Quando não o tem, ele fica totalmente à mercê do acaso e come o que lhe dão, o que ele mendiga ou rouba. E quando ele não consegue nada, ele simplesmente morre de fome, como vimos. A quantidade de alimento varia, obviamente, assim como sua qualidade, de acordo com o salário, portanto, os trabalhadores pior pagos passam fome, mesmo que eles não tenham uma grande família e ainda que possuam um trabalho regular. E o número desses trabalha dores mal pagos é muito grande. Particularmente em Londres, onde a competição dos trabalhadores aumenta com o crescimento da população, esta classe é muito numerosa, mas é encontrada também em outras cidades. [...] Certamente, tal modo de vida provoca, inevitavelmente, uma grande quantidade de doenças [...] então a miséria alcança o seu auge, e a brutalidade com que a sociedade abandona seus membros, principalmente quando sua necessidade é maior, é plenamente exposta.
ENGELS, Friedrich. The
great towns. In: The condition of the working class. p. 48. Disponível em: .
Acesso em: 20 maio 2013. Tradução Heloísa Helena Teixeira de Souza Martins.
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Fonte: São Paulo-SEE, Caderno do professor. Sociologia, EM, 3ª
S., V.1, 2014, p. 15-17