Geralmente entende-se
por geração um conjunto de pessoas nascidas num dado período e que tem mais ou menos
a mesma idade.
A extensão desse
período confunde-se com o intervalo médio de tempo que separa o nascimento dos
pais e mães do da sua progenitura: geração dos pais, geração dos filhos,
separadas tradicionalmente por uma trintena de anos. Esta extensão calcula-se rigorosamente
pela idade média das mulheres na maternidade, e tende a diminuir um pouco com a
baixa da fecundidade, porquanto as mulheres dão à luz cada vez menos a partir
de uma certa idade.
O aumento da esperança
de vida e as transformações econômicas e sociais modificaram as relações entre gerações.
No sistema antigo, uma solidariedade natural, aceite de uma maneira mais ou
menos consciente, estabelecia-se entre elas, devendo o filho esperar a morte do
pai para tomar a direção da empresa familiar. Morte essa que geralmente ocorria
relativamente cedo. Hoje em dia os pais são demasiados jovens para cederem os seus
lugares aos seus filhos mais velhos, mas fazem tudo o que é necessário para facilitar
a sua instalação na vida: eventual contribuição financeira, serviços de todos
os gêneros, em particular para a guarda de crianças, incentivo às relações etc.
Mas o que continua a
ser verdade no seio de cada família já o não é na sociedade global. Duas gerações
de adultos encontram-se em concorrência: a dos pais ainda no ativo e ocupando
os postos de responsabilidade e a dos filhos preocupados em arranjar empregos e
travados na sua promoção. Mudaram, pois, as condições da reprodução social.
Na sociedade de ontem,
as gerações sucediam-se sem choques, a seguinte repetindo a anterior de forma
mais ou menos idêntica. O futuro dos filhos era em tudo semelhante ao presente
e ao passado dos seus pais. Os valores reconhecidos e os comportamentos estavam
marcados com o selo da imobilidade. A entrada em cena da mudança, e de uma
mudança cada vez mais rápida, modificou radicalmente esta situação.
Os adultos sentem-se estranhos
num mundo novo. A sua autoridade sofre, porquanto os filhos procuram os seus
modelos de conduta junto dos da mesma idade, o grupo dos seus "pares"
(Riesman, 1955). Se sempre se opuseram as gerações entre si, um verdadeiro
"fosso" os separa atualmente (Mead, 1970), como se elas não falassem
a mesma língua.
Imagem um pouco forçada
talvez, mas um dos problemas de hoje, e do amanhã, é o de estabelecer entre
elas uma melhor comunicação.
Por A. G.