Infraestrutura e superestrutura em Marx
Por Cristiano das Neves Bodart
Há dois conceitos importantes para a compreensão de todo o pensamento de Karl Marx: infraestrutura e superestrutura.
Ao se dedicar em compreender a organização da sociedade capitalista e sua estrutura social, Marx percebeu que a sociedade estava dividida em infraestrutura e superestrutura.
Para Marx, a infraestrutura trata-se das forças de produção, compostas pelo conjunto formado pela matéria-prima, pelos meios de produção e pelos próprios trabalhadores (onde se dá as relações de produção: empregados-empregados, patrões-empregados). Trata-se da base econômica da sociedade, onde se dão, segundo Marx, as relações de trabalho, estas marcadas pela exploração da força de trabalho no interior do processo de acumulação capitalista.
A superestrutura é fruto de estratégias dos grupos dominantes para a consolidação e perpetuação de seu domínio. Trata-se da estrutura jurídico-política e a estrutura ideológica (Estado, Religião, Artes, meios de comunicação, etc.).
Para essa consolidação e perpetuação da dominação das classes dominantes estes utilizam de estratégias que demandam ora uso da força, ora da ideologia (MARX, 1993). Um exemplo de um instrumento de uso da força é o Estado, o qual possui o uso da força legitimado pela ideologia. Para Marx, o Estado está sempre à serviço da classe dominante, buscando manter o status quo.
A ideologia é a tática de tornar certas ideias como verdadeiras e aceitas pela sociedade, sendo elas criada pela classe dominante de acordo com seus interesses. Como dizia Marx,
“As ideias da classe dominante são, em cada época, as ideias dominantes; isto é, a classe que é a força material dominante da sociedade é, ao mesmo tempo, sua força espiritual dominante. A classe que tem à sua disposição os meios de produção material dispõe também dos meios de produção espiritual, de modo que a ela estão submetidos aproximadamente ao mesmo tempo os pensamentos daqueles aos quais faltam os meios de produção espiritual. As ideias dominantes nada mais são que a expressão ideal das relações materiais dominantes, são as relações materiais dominantes apreendidas como ideias; portanto, são a expressão das relações que fazem de uma classe a classe dominante, são as ideias de sua dominação” (MARX, 1993, p. 72).
O uso da força, muitas vezes, deve ser justificada por ideias coletivamente aceitas; por esse motivo a classe dominante busca produzir e disseminar ideias que legitimem as ações do Estado em prol de seus interesses. Da mesma forma, a ideologia cumpriria o papel de justificar as relações de trabalho e a existência das desigualdades sociais, bem como da exploração do homem sobre o homem.
Para Karl Marx,
“é evidente que eles o fazem em toda a sua extensão, portanto, entre outras coisas, que eles dominam também como pensadores, como produtores de ideias, que regulam a produção e distribuição das ideias de seu tempo; e, por conseguinte, que suas ideias são as ideias dominantes da época" (MARX, 1993, p. 72).
Nesse sentido, a superestrutura seria responsável pela manutenção das relações sociais existentes na infraestrutura e esta possibilita a sua existência, pois toda a riqueza necessária para manter a superestrutura seria, segundo Marx, produzida na infraestrutura por meio das nas relações de produção e de troca.
Referência
MARX, Karl. A ideologia alemã. 9ª ed. São Paulo: Hucitec, 1993.
BODART, Cristiano das Neves. Infraestrutura e superestrutura em Marx. Blog Cagé com Sociologia. com. Disponível em: http://www.cafecomsociologia.com/2016/02/infraestrutura-e-superestrutura-em-marx.html?m=1, acesso em: 13.05.2016.
MARX, Karl. A ideologia alemã. 9ª ed. São Paulo: Hucitec, 1993.
BODART, Cristiano das Neves. Infraestrutura e superestrutura em Marx. Blog Cagé com Sociologia. com. Disponível em: http://www.cafecomsociologia.com/2016/02/infraestrutura-e-superestrutura-em-marx.html?m=1, acesso em: 13.05.2016.