Sociologia - Contatos e Grupos Sociais
Já sabemos que na socialização primária, a criança estabelece relações com os indivíduos integrantes de determinada cultura. Mas como se desenvolve o intelecto da criança?
Jean Piaget, um psicólogo suíço, defendia que a inteligência é constituída progressivamente, desde uma fase inicial, à qual chamou período sensório-motor, até à fase da inteligência operatória formal (conhecimento racional). Definiu quatro estádios de desenvolvimento, sendo estes flexíveis, pois o desenvolvimento do conhecimento em cada ser humano pode demorar mais ou menos tempo, de acordo com a sua cultura e o meio onde está inserido. Para definir essas quatro etapas, utilizou um sujeito epistémico que representa uma classe de indivíduos com o mesmo nível de desenvolvimento e com características parecidas e independentemente daquilo em que estes possam diferir.
Então, segundo Piaget, a primeira fase é o estádio sensório-motor, que vai dos 0 aos 18 meses, em que o indivíduo ensaia e desenvolve as suas capacidades motoras e sensoriais, manifesta interesse em manipular objetos e fá-lo de acordo com os próprios interesses; é nesta primeira fase que este constrói noções de objeto e de espaço (onde posteriormente saberá procurar e encontrar os objetos); o individuo passa da indiferença que tinha perante o exterior e o próprio corpo ao interesse pelos mesmos.
A segunda fase, que vai dos 18 meses/ 2 anos aos 5/ 6 anos, chama-se estádio pré-operatório em que se dá o aparecimento da função simbólica na criança, ou seja, ela começa a usar o corpo para expressar aquilo que quer; posteriormente desenvolve a capacidade verbal e vai largando a “função simbólica” que dá lugar à linguagem; a criança já é capaz de interiorizar as ações que realiza; portanto também consegue explicá-las; como já tem a capacidade de interiorização, também consegue assimilar regras e, como tal, respeitá-las, entrando nos jogos; desenvolve cada vez mais um sentido de curiosidade e deixa de ser egocêntrico, entrando na fase dos “porquês”.
Para a realização deste trabalho interessa-nos, somente, o estádio da representação (ou pré-operatório) e o estádio das operações concretas, pois, apenas nestes são analisados os comportamentos da criança em relação a determinados objetos, ou seja, a sua influência no agir das crianças.
É possível concluir que a interação com o que é exterior à criança é um fator bastante importante para o seu desenvolvimento, podendo ser considerado como um dos mais importantes para a sua progressão intelectual. Assim sendo, o ato de brincar apresenta grande relevância para a criança, pois desenvolve a sua capacidade cognitiva, isto é, a sua capacidade de adquirir conhecimentos e a sua capacidade de relacionamento com outras pessoas (quando o tipo de brinquedos o permite) sendo estes dois fatores imprescindíveis para um futuro promissor.
Mecanismos de Socialização
Para a interiorização da cultura do grupo a que determinado indivíduo pertence (grupo de pertença) ou deseja pertencer (grupo de referência), é necessário recorrer a certos mecanismos, sendo eles os seguintes:
Aprendizagem, através da qual são incutidos no indivíduo os valores, as regras sociais, consideradas corretas, e os modelos de comportamento do grupo a que o mesmo pertence.
- Este processo é realizado através de tentativas, cometendo, por vezes, alguns erros e repetições do que é considerado socialmente correto;
- Imitação, que consiste na reprodução dos comportamentos observados sendo, assim, copiados;
- Identificação, que se processa quando um indivíduo se identifica com outra pessoa que desempenha determinados papéis considerados importantes. Essa identificação faz com que o indivíduo em causa adquira, progressivamente, esses mesmos comportamentos.
Agentes de Socialização
Os mecanismos de socialização são postos em ação por um certo número de agentes sociais privilegiados denominados agentes de socialização. É muito difícil separar a parte de actuação que cabe a cada um dos agentes. Eles são:
- A Família: tem um papel determinante nos primeiros anos de vida. É aí que as crianças adquirem a linguagem e os hábitos do seu grupo social. Estes primeiros anos de formação são muito importantes na vida dos indivíduos. Normalmente, são os pais que adaptam os filhos à sociedade. Mas na sociedade atual é através dos filhos que os pais têm conhecimento de novos fatores culturais. No caso das famílias imigrantes, os jovens desempenham um papel fundamental na socialização dos pais, pois são as crianças que facilitam a integração dos seus pais.
- A Escola: permite à criança entrar num meio social novo que vai ter sobre ela uma influência fundamental. Tem várias funções – além de proporcionar à criança instrumentos de trabalho, métodos de reflexão e conhecimentos que lhe vão ser úteis durante toda a vida, impõe-lhe novas regras e uma disciplina que a liberta parcialmente do meio e completa a sua formação, aprendendo a conhecer os outros e o meio que a rodeia.
- Os Grupos Sociais: durante toda a vida o homem pertence a grupos sociais e outras instituições que continuam a sua socialização. Mas os meios mais eficazes de que a sociedade atual dispõe são os meios de comunicação.
A socialização integra todos os domínios da vida do indivíduo. Os hábitos alimentares, as noções de bem e de mal, os comportamentos físicos, as relações com os seus semelhantes, são os resultados adquiridos e conseguidos deste processo.
A Socialização como processo de transmissão cultural
O processo de aprendizagem e educação que se desenvolve no homem desde a infância e na cultura à qual pertence designa-se por endoculturação.
Cada indivíduo através do processo de socialização vai adquirindo e interiorizando crenças, comportamentos, modos de vida da sociedade a que pertence. Contudo, ninguém aprende toda a sua cultura, mas está, apesar disso, condicionado à transmissão de cultura que se realiza através dos grupos sociais a que pertence. Além disso, o controle social que a sociedade exerce sobre o indivíduo leva a que ele não se desvie dos atos e comportamentos padronizados.
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Já sabemos que na socialização primária, a criança estabelece relações com os indivíduos integrantes de determinada cultura. Mas como se desenvolve o intelecto da criança?
Jean Piaget, um psicólogo suíço, defendia que a inteligência é constituída progressivamente, desde uma fase inicial, à qual chamou período sensório-motor, até à fase da inteligência operatória formal (conhecimento racional). Definiu quatro estádios de desenvolvimento, sendo estes flexíveis, pois o desenvolvimento do conhecimento em cada ser humano pode demorar mais ou menos tempo, de acordo com a sua cultura e o meio onde está inserido. Para definir essas quatro etapas, utilizou um sujeito epistémico que representa uma classe de indivíduos com o mesmo nível de desenvolvimento e com características parecidas e independentemente daquilo em que estes possam diferir.
Então, segundo Piaget, a primeira fase é o estádio sensório-motor, que vai dos 0 aos 18 meses, em que o indivíduo ensaia e desenvolve as suas capacidades motoras e sensoriais, manifesta interesse em manipular objetos e fá-lo de acordo com os próprios interesses; é nesta primeira fase que este constrói noções de objeto e de espaço (onde posteriormente saberá procurar e encontrar os objetos); o individuo passa da indiferença que tinha perante o exterior e o próprio corpo ao interesse pelos mesmos.
A segunda fase, que vai dos 18 meses/ 2 anos aos 5/ 6 anos, chama-se estádio pré-operatório em que se dá o aparecimento da função simbólica na criança, ou seja, ela começa a usar o corpo para expressar aquilo que quer; posteriormente desenvolve a capacidade verbal e vai largando a “função simbólica” que dá lugar à linguagem; a criança já é capaz de interiorizar as ações que realiza; portanto também consegue explicá-las; como já tem a capacidade de interiorização, também consegue assimilar regras e, como tal, respeitá-las, entrando nos jogos; desenvolve cada vez mais um sentido de curiosidade e deixa de ser egocêntrico, entrando na fase dos “porquês”.
Para a realização deste trabalho interessa-nos, somente, o estádio da representação (ou pré-operatório) e o estádio das operações concretas, pois, apenas nestes são analisados os comportamentos da criança em relação a determinados objetos, ou seja, a sua influência no agir das crianças.
É possível concluir que a interação com o que é exterior à criança é um fator bastante importante para o seu desenvolvimento, podendo ser considerado como um dos mais importantes para a sua progressão intelectual. Assim sendo, o ato de brincar apresenta grande relevância para a criança, pois desenvolve a sua capacidade cognitiva, isto é, a sua capacidade de adquirir conhecimentos e a sua capacidade de relacionamento com outras pessoas (quando o tipo de brinquedos o permite) sendo estes dois fatores imprescindíveis para um futuro promissor.
Mecanismos de Socialização
Para a interiorização da cultura do grupo a que determinado indivíduo pertence (grupo de pertença) ou deseja pertencer (grupo de referência), é necessário recorrer a certos mecanismos, sendo eles os seguintes:
Aprendizagem, através da qual são incutidos no indivíduo os valores, as regras sociais, consideradas corretas, e os modelos de comportamento do grupo a que o mesmo pertence.
- Este processo é realizado através de tentativas, cometendo, por vezes, alguns erros e repetições do que é considerado socialmente correto;
- Imitação, que consiste na reprodução dos comportamentos observados sendo, assim, copiados;
- Identificação, que se processa quando um indivíduo se identifica com outra pessoa que desempenha determinados papéis considerados importantes. Essa identificação faz com que o indivíduo em causa adquira, progressivamente, esses mesmos comportamentos.
Agentes de Socialização
Os mecanismos de socialização são postos em ação por um certo número de agentes sociais privilegiados denominados agentes de socialização. É muito difícil separar a parte de actuação que cabe a cada um dos agentes. Eles são:
- A Família: tem um papel determinante nos primeiros anos de vida. É aí que as crianças adquirem a linguagem e os hábitos do seu grupo social. Estes primeiros anos de formação são muito importantes na vida dos indivíduos. Normalmente, são os pais que adaptam os filhos à sociedade. Mas na sociedade atual é através dos filhos que os pais têm conhecimento de novos fatores culturais. No caso das famílias imigrantes, os jovens desempenham um papel fundamental na socialização dos pais, pois são as crianças que facilitam a integração dos seus pais.
- A Escola: permite à criança entrar num meio social novo que vai ter sobre ela uma influência fundamental. Tem várias funções – além de proporcionar à criança instrumentos de trabalho, métodos de reflexão e conhecimentos que lhe vão ser úteis durante toda a vida, impõe-lhe novas regras e uma disciplina que a liberta parcialmente do meio e completa a sua formação, aprendendo a conhecer os outros e o meio que a rodeia.
- Os Grupos Sociais: durante toda a vida o homem pertence a grupos sociais e outras instituições que continuam a sua socialização. Mas os meios mais eficazes de que a sociedade atual dispõe são os meios de comunicação.
A socialização integra todos os domínios da vida do indivíduo. Os hábitos alimentares, as noções de bem e de mal, os comportamentos físicos, as relações com os seus semelhantes, são os resultados adquiridos e conseguidos deste processo.
A Socialização como processo de transmissão cultural
O processo de aprendizagem e educação que se desenvolve no homem desde a infância e na cultura à qual pertence designa-se por endoculturação.
Cada indivíduo através do processo de socialização vai adquirindo e interiorizando crenças, comportamentos, modos de vida da sociedade a que pertence. Contudo, ninguém aprende toda a sua cultura, mas está, apesar disso, condicionado à transmissão de cultura que se realiza através dos grupos sociais a que pertence. Além disso, o controle social que a sociedade exerce sobre o indivíduo leva a que ele não se desvie dos atos e comportamentos padronizados.
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