O
que vem primeiro: o indivíduo ou a sociedade? Os indivíduos moldam a sociedade
ou a sociedade molda os indivíduos? Podemos dizer que indivíduos e sociedade
fazem parte da mesma trama, tecida pelas relações sociais. Não há separação
entre eles.
Nós,
seres humanos, nascemos e passamos nossa existência em sociedade porque
precisamos uns dos outros para sobreviver. O fato de dependermos uns dos outros
significa que não temos autonomia? Até que ponto dispomos de liberdade para
decidir e agir? Até que ponto somos condicionados pelas sociedades? A sociedade
nos obriga a ser o que não queremos? Podemos mudar a sociedade?
Para
estudar essas questões, os sociólogos desenvolveram alguns conceitos, como
socialização, instituição, hierarquia e poder, e geraram uma diversidade de
análises.
O indivíduo, sua história e a
sociedade
A
Sociologia, assim como as demais ciências humanas, tem como objetivo
compreender e explicar as permanências e as transformações que ocorrem nas
sociedades humanas. Um dos pontos de partida para isso, da perspectiva
sociológica, é o entendimento da relação entre o individual e o social.
Podemos
dizer que indivíduos e sociedade fazem parte da mesma trama, tecida pelas
relações sociais. Não há separação entre eles. Porém, quando analisamos
historicamente algumas sociedades, verificamos que ao longo do tempo houve uma
variação na ênfase dada ao individual ou aos social.
Nas
sociedades tribais (indígenas), nas da Antiguidade (grega e romana) e na Europa
medieval, apesar das diferenças entre os indivíduos, não se dissociava a pessoa
de seu grupo.
Na
Europa ocidental, a ideia de indivíduo começou a ganhar força no século XVI,
com a Reforma Protestante. Segundo os adeptos desse movimento religioso, as
pessoas podiam relacionar-se diretamente com Deus, sem intermediários.
No
século XVIII, com o desenvolvimento do capitalismo e do pensamento liberal, a
ideia de indivíduo e de individualismo firmou-se definitivamente, pois a
felicidade humana, definida como o acesso a bens materiais, passou a ocupar o
centro das atenções.
No
século XIX, a sociedade capitalista se consolidou, e a posição do indivíduo
passou a ser definida pela propriedade de bens, de dinheiro ou da força de
trabalho.
Nossas escolhas, seus limites e
repercussões
A vida do indivíduo é condicionada por
práticas sociais que existiam antes de seu nascimento e por decisões tomadas
sem sua participação direta, como a definição das regras de uma eleição.
O
indivíduo muitas vezes não tem como interferir em valores, normas, costumes ou
formas já estabelecidas de produção da vida material. Entretanto, pode tomar
decisões que conduzem a diferentes direções na vida.
A
direção seguida é sempre resultado das escolhas do indivíduo. Assim, ele
constrói a própria história e interfere na história de sua sociedade, que é
feita por todos os que nela vivem.
Das questões individuais às questões
sociais
Podemos
chamar de questões sociais:
·
Situações que não dizem respeito apenas à
vida pessoal, mas também estão ligadas à estrutura de uma ou de várias
sociedades, como o desemprego que afeta milhões de indivíduos em diversos
grupos sociais;
·
Situações que afetam o cotidiano
individual e são consequência de acontecimentos que atingem muitos países, como
a queda da bolsa de Nova York (1929) e a Crise do Petróleo (1973).
Concluindo,
podemos dizer que acontecimentos independentes de nossa vontade estão presentes
na biografia de cada um de nós e fazem parte da história da sociedade em que
vivemos. Esses acontecimentos podem resultar de situações provocadas pelas
decisões de algumas pessoas e ter grande alcance, influenciando as relações
políticas, econômicas e financeiras de todos os países e afetando os indivíduos
em muitos lugares.
Tomar
uma decisão é algo individual e social ao mesmo tempo, sendo impossível separar
esses planos.