Modelo agrícola desperdiça 35% da produção brasileira
“Talvez pudéssemos alimentar pelo menos mais um terço dos habitantes com os alimentos que desperdiçamos”, diz o biólogo.Confira a entrevista.
Vislumbrando o aumento do consumo de alimentos nos próximos vinte anos, a expansão agrícola deve considerar as áreas degradadas e investir em produtos diversificados, oriundos das florestas e biomas do país. “Só no território amazônico, existe entre 12% e 17% de áreas degradadas, que poderiam ser utilizadas para produção agrícola”, aponta o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA, Adalberto Val. Em sua avaliação, a agricultura brasileira ainda está “concentrada em produtos que são extremamente convencionais”, e o país “não está avançando diante da enorme biodiversidade que tem”.
O desperdício de alimentos gerado pelo atual modelo de desenvolvimento agrícola é um desafio a ser resolvido. Segundo o pesquisador, cerca de 30% dos alimentos produzidos vai para o lixo, e isso significa que de “cada R$100,00 em produtos, perde-se cerca de R$30,00”. E enfatiza: “Trata-se de uma perda bastante significativa dentro desse contexto. Se você imaginar que, para um produtor ou um empregado, essa proporção poderia melhorar sua qualidade de vida, podemos dizer que vale a pena investir para reduzir essas perdas”.
Segundo o entrevistado, reaproveitar as terras já desmatadas e a diminuir o desperdício de alimentos dependem do investimento em ciência e tecnologia. “Há um grande interesse do governo, mas falta pessoal qualificado para estudar as regiões que têm terras degradadas”, diz em entrevista concedida à IHU On-Line por telefone. E conclui: “Basta considerar o caso da Amazônia e dos nove estados amazônicos, ou seja, cerca de 60% do território brasileiro. Nessa área toda, tem pouco mais de quatro mil doutores, metade dos quais não está envolvida com a produção científica, pois muitos se encontram trabalhando com questões administrativas de uma maneira geral. Então, apesar de o Brasil estar formando 11 ou 12 mil doutores por ano, a quantidade desse pessoal fixada nessas áreas do país ainda é bastante frágil e reduzida”.
Adalberto Luis Val (foto) é graduado em Biologia, mestre e doutor em Biologia de Água Doce e Pesca Interior pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA.
Confira a entrevista, clicando aqui.
Fonte: Unisinos
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