“Nunca pensei que a violência fosse chegar na minha escola”, conta estudante de São Caetano
Veja na íntegra o depoimento de L. A, adolescente de 15 anos, que é aluna da oitava série da Escola Municipal de Ensino Professora Alcina Dantas Feijão, em São Caetano do Sul, onde um aluno atirou contra a professora e, em seguida, se matou, na tarde dessa quinta-feira (22/09).
“Eu estava na troca de aula, esperando o professor fora da sala com mais três amigas, quando ouvimos os estouros, mas nunca imaginamos que fossem tiros. Nessa hora um amigo passou por nós e perguntamos brincando: ‘já sei: você soltou uma bombinha na escola?’. E de repente começou uma gritaria com crianças correndo e chorando. Quando olhei para o corredor vi o menino caído no chão, com a arma em cima dele. Foi horrível!
Os professores levaram a gente para dentro das salas e fecharam as portas dizendo para ficarmos calmos, mas nem eles sabiam o que tinha acontecido. Na hora todo mundo começou a ligar para os pais, chorando. Eu queria muito falar com a minha mãe, mas ela estava em uma reunião importante do trabalho e o secretário não me transferia.
E aí tivemos a notícia do que tinha acontecido. O irmão do menino que morreu estuda na minha sala e começou a passar muito mal, teve que ir para a enfermaria da escola. Ele contou que o irmão não gostava da professora. Eu fiquei muito abalada. Não dá para acreditar que uma coisa dessas pode acontecer na nossa escola.
Aí começaram a chegar resgate, bombeiro. E depois começaram a liberar os alunos, mas só com a presença dos pais. Foi ai que eu consegui falar com a minha mãe e contar o que tinha acontecido. A primeira reação dela foi não acreditar. Ela disse: ‘pare de fazer brincadeiras de mau gosto. Isso é muito grave’. Aí comecei a chorar e ela percebeu que tudo isso tinha acontecido de veradde.
Fiquei com medo de não conseguir ir embora da escola porque minha mãe trabalha em São Paulo e ia demorar muito para chegar. Mas ela me autorizou, por telefone, a ir embora com a mãe de uma amiga. Tinham muito pais falando que iam tirar os filhos da escola.
Antes de ir eu parei na sala dos professores, porque gosto muito da minha professora de geografia e queria saber se ela estava bem. Ela me disse que não lembrava muito da professora que levou o tiro, porque ela é do fundamental 1 e sempre foi muito quieta.
Durante o dia todo eu senti muita tristeza. Não conseguia acreditar que a violência tinha chegado na minha escola, nem que o menino tinha conseguido uma arma e levado para lá.
As aulas foram suspensas nessa sexta-feira. Agora estou tranquila, mas não sei como vai ser na segunda, quando tiver que voltar para lá.”
Fonte: Portal Aprendiz
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