segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016
Paratodos - Chico Buarque
O meu pai era paulista
Meu avô, pernambucano
O meu bisavô, mineiro
Meu tataravô, baiano
Meu maestro soberano
Foi António Brasileiro
Foi Antonio Brasileiro
Quem soprou esta toada
Que cobri de redondilhas
Pra seguir minha jornada
E com a vista enevoada
Ver o inferno e maravilhas
Nessas tortuosas trilhas
A viola me redime
Creia, ilustre cavalheiro
Contra fel, moléstia, crime
Use Dorival Caymmi
Vá de Jackson do Pandeiro
Vi cidades, vi dinheiro
Bandoleiros, vi hospícios
Moças feito passarinho
Avoando de edifícios
Fume Ari, cheire Vinícius
Beba Nelson Cavaquinho
Para um coração mesquinho
Contra a solidão agreste
Luiz Gonzaga é tiro certo
Pixinguinha é inconteste
Tome Noel, Cartola, Orestes
Caetano e João Gilberto
Viva Erasmo, Ben, Roberto
Gil e Hermeto, palmas para
Todos os instrumentistas
Salve Edu, Bituca, Nara
Gal, Bethania, Rita, Clara
Evoé, jovens à vista
O meu pai era paulista
Meu avô, pernambucano
O meu bisavô, mineiro
Meu tataravô, baiano
Vou na estrada há muitos anos
Sou um artista brasileiro
Nesta composição Chico faz uma bela analogia entre sua vida, seus ancestrais e vários artistas brasileiros. Proclama sua admiração pela MPB e cita nomes de grandes personalidades do cenário musical:
A diversidade cultural refere-se aos diferentes costumes de uma sociedade, entre os quais podemos citar: vestimenta, culinária, manifestações religiosas, tradições, entre outros aspectos. O Brasil, por conter um extenso território, apresenta diferenças climáticas, econômicas, sociais e culturais entre as suas regiões.
Processo de construção do Olhar Sociológico
O olhar sociológico é um olhar que não é o do historiador ou o do geógrafo, tampouco o do filósofo. De modo a destacar as particularidades do olhar sociológico, bem como as preocupações inerentes à Sociologia enquanto ciência, dentre as Ciências Humanas, é importante entender a especificidade do olhar sociológico sobre a realidade. Qual é esse olhar?
A palavra “estranhamento” está relacionada com esse olhar. Para a construção do olhar sociológico, é preciso lançar um olhar de estranhamento sobre a realidade.
Dito de outro modo é preciso “desnaturalizar” o olhar.
O treino do olhar é o primeiro passo para a construção de um olhar sociológico para a realidade, e este se faz com base no estranhamento do cotidiano. Estamos acostumados a encarar tudo como natural, como se o mundo e as coisas que nos cercam fossem “naturais” e sempre tivessem sido assim. Para desenvolver um olhar sociológico é preciso quebrar tal forma de encarar a realidade.
O olhar de estranhamento tem a ver com observar a realidade e compreender que o nosso olhar nunca é neutro. O ser humano não olha simplesmente. Toda vez que observa algo, o faz a partir de uma perspectiva, de um ponto de vista. Esse olhar é repleto de prenoções que podem ser positivas ou negativas. E o estranhamento nos ajuda a ter consciência disso.
Mesmo indo a um lugar que não conheciam, esse olhar lançado sobre o desconhecido é onde se encontra um dos objetivos da Sociologia é debruçar-se sobre tais preconceitos e prenoções, identificando e ressignificando-os.
O imediatismo do olhar
O objetivo aqui é dar continuidade à explicação do que é o olhar sociológico a partir da discussão a respeito do olhar do senso comum em contraposição ao olhar científico. Veja o texto abaixo.
Olhamos o mundo e parece que simplesmente vemos as coisas tal como elas são. Entretanto, ao olhar alguma coisa e nomeá-la, é preciso ter antes uma ideia do que ela seja; as pessoas têm alguma ideia do que é um carro, e, por isso, quando veem diferentes carros, podem dizer que viram um.
O olhar humano sempre está repleto de prenoções sobre a realidade que nos ajudam a compreendê-la. E elas estão repletas de conhecimento do senso comum. O conhecimento do senso comum é uma forma válida de pensamento, mas não é a única possível. Há, por exemplo, o conhecimento científico. O conhecimento científico parte do senso comum para olhar a realidade, mas ele sempre precisa ir além do senso comum.
Nosso olhar nunca é um olhar neutro, ele está sempre repleto dessas prenoções que vêm do senso comum. Para lançar um olhar sociológico sobre a realidade é necessário afastar-se dessa forma de observá-la. E é necessário um método. Método é a forma pela qual um cientista observa e analisa seu objeto de estudo. Ou seja, é o modo como estuda a realidade. Os métodos variam de uma ciência para outra, dependendo do seu objeto de estudo, ou seja, daquilo que elas estudam.
Toda construção científica é um lento processo de afastamento do senso comum. Não se pensa sociologicamente quando imerso no senso comum. O problema é que estamos imersos nele. Nossa maneira de pensar, de agir e de sentir está repleta desse tipo de conhecimento. Apesar de ser uma forma válida de conhecimento, não é ciência. A ciência se constrói a partir de um cuidado metodológico ao olhar a realidade que procura se afastar dos juízos de valor típicos do senso comum. E para construir um olhar sociológico sobre a realidade, o primeiro recurso metodológico é o olhar de estranhamento.
(Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola)
Sociologia e formação pessoal: A importância do estudo da Sociologia
Em que medida a Sociologia pode contribuir para a sua formação pessoal?
Muitos diriam que essa ciência social tem a função de formar o “cidadão crítico”. Mas essa justificativa – até porque a ideia de formar o cidadão crítico anda meio banalizada –, não é suficiente.
Pensar sobre esse tema significa uma oportunidade ímpar para se aproximar da sociologia como campo de saber e compreender algo de suas preocupações.
Vale a pena inserir nesse contexto o papel mais fundamental que o pensamento sociológico realiza na formação do jovem: a desnaturalização das concepções ou explicações dos fenômenos sociais.
Razões objetivas e humanas
Desnaturalizar os fenômenos sociais significa não perder de vista a sua historicidade. É considerar que eles nem sempre foram assim. É perceber que certas mudanças ou descontinuidades históricas são fruto de decisões. Estas revelam interesses e, portanto, são fruto de razões objetivas e humanas.
A desnaturalização dos fenômenos sociais também depende de nos distanciarmos daquilo que nos rodeia e de que participamos, para focalizar as relações sociais sem estarmos envolvidos. Significa considerar que os fenômenos sociais não são imediatamente conhecidos.
Reconhecendo as causas
Para explicar um fenômeno social é preciso procurar as causas que estão além do sujeito, isto é, buscar as causas externas a ele, mas que têm implicações decisivas sobre ele.
Essas causas devem apresentar certa regularidade, periodicidade e um papel específico em relação ao todo social.
Aprender a observar
Uma aproximação em relação à sociologia, mesmo no ensino médio, exige que o aluno aprenda procedimentos mais rigorosos de observação das relações sociais. E, ainda, que saiba, pelo menos em alguma medida, como o conhecimento é elaborado nas ciências sociais.
Para compreender e formular explicações para os fenômenos sociais é preciso ter conhecimento da linguagem por meio da qual esse conhecimento é criado e comunicado.
Para trabalhar um tema
Os fenômenos sociais são conhecidos por meio de modelos compreensivos, ou explicativos, e mediante a contextualização desses modelos, com destaque para a época em que eles foram elaborados e para os autores com os quais um determinado autor dialoga.
Assim, trabalhar um tema (como violência, mundo do trabalho etc.) só é possível por meio de conceitos e teorias. É importante, também, que você conheça a articulação entre os conceitos e as teorias e saiba observar sua relevância para compreender ou explicar casos concretos (temas).
Vale lembrar também que os conceitos têm uma história e que não são palavras mágicas que explicam tudo, mas elementos do discurso científico que sintetizam as ações sociais para tentar explicá-las. E, ainda, é bom ter em mente que um conceito admite vários sentidos, dependendo do autor e da época em que ele é elaborado.
Teorias servem de base Da mesma forma, é preciso compreender as teorias no contexto de seu aparecimento e posterior desenvolvimento. Isso é necessário tanto do ponto de vista de como essas teorias foram sendo assimiladas e desenvolvidas por outros autores, como em relação ao caráter das críticas feitas a elas.
Conhecer conceitos e teorias com o rigor necessário a um aluno do ensino médio consiste na única maneira possível de se distanciar e se aproximar dos fenômenos sociais e, assim, construir os fundamentos para a formação crítica.
(BRUNIERA, Celina Fernandes Gonçalves. Sociologia e formação pessoal: a importância do estudo da sociologia. UOL. Suplemento Educação. 10 jan. 2007. Disponível em: da-sociologia.htm>. Acesso em: 4 jul. 2013.)
Características do Senso Comum:
- Imediatista: o senso comum caracteriza-se, muitas vezes, por ser extremamente simplista e despreocupado quanto ao emprego de definições e terminologias. Não é, portanto, fruto de uma reflexão cuidadosa;
- Superficial: a superficialidade dessa forma de conhecimento está relacionada com o fato de que ele se conforma com a aparência, com o que lhe é familiar, permanecendo na superfície das coisas;
- Acrítico: outra característica é o fato de ele ser, muitas vezes, uma forma de conhecimento acrítico, ou seja, não estabelece uma visão aprofundada do que vê, não questiona o que é dito;
- Cheio de sentimentos: muitas vezes, nossa visão da realidade é excessivamente marcada pelas nossas emoções, e as emoções normalmente tiram a objetividade da pessoa, pois são pessoais e não estão baseadas na razão. Elas podem nos fazer agir de forma irracional;
- Cheio de preconceitos: ele também é, muitas vezes, repleto de preconceitos. O preconceito é o conceituar antecipadamente, ou seja, é a atitude de achar que já se sabe algo, sem realmente conhecê-lo, valendo-se de explicações prontas repletas de juízos de valor. Portanto, a atitude preconceituosa em relação à realidade e a tudo o que a cerca é aquela da pessoa que julga sem conhecer, com base no que acredita que é ou no que deva ser.
Tais características estão intimamente relacionadas, pois alimentam umas às outras.
Desse modo, se quisermos construir um conhecimento coerente e consistente, precisamos afastar as prenoções e os julgamentos de valor que estão presentes no senso comum.
Por que é preciso se distanciar do olhar do senso comum para desenvolver um olhar científico? O olhar que se afasta de tais características relacionadas ao senso comum é o olhar do estranhamento.
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